quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ponha uma margarida na sua fossa


É difícil passar pro papel o que tá no coração. Tenho tentado. Hard.

Mas se queres que lhe adianto, digo: é bom, bom mesmo. Coisas gostosas de serem sentidas - só não sei se a realidade permitiria. Acho que é aí que eu travo, sabe? Bem quando me dou conta que talvez não sejam coisas que se sintam de fato - sentimentos. Fica um pouco feio dizer assim. Digo, podem ser flores pra enfeitar o jardim morto. Quase como se colocássemos um girassol - desses bem amarelos - no meio de uma grama não aparada, sem vida, quase cinza. Como se no meio de qualquer pesadelo esse pontinho amarelo chegasse como uma possibilidade de esperança - ou alguma coisa tão bonita quanto essa palavra, esperança.

Deve ser assim que eu te vejo. Um eufemismo no meio de tanta verdade. A utopia alcançável no meio do impossível - bem contraditório assim mesmo. Meu girassol. Sim, quero que sejas meu girassol - e não é preciso que digas sim ou não, você simplesmente é. Eu te inventei e te acredito assim, então serás enquanto eu quiser. Sempre, quero dizer - desacreditar é coisa que não se faz. Não faço. Não façamos.

Ah, e uma pergunta - essa flor, essa doçura no meio da amargura feito algodões nascendo entre cascalhos - que nome a gente dá pra isso, baby? Não imagino. E tu?

Enquanto isso torço para que nasçam muitos outros girassóis. Que possamos sê-los também.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pro Dia Nascer Feliz

Uma serenidade repentina. Calma. Qualquer coisa que lembre a suavidade do voo de uma ave que segue sem ciência do pouso, carregando consigo apenas a certeza de que nada menos que a calma lhe espera - quando pousará não se sabe, mas que chegará é certo.

Se bastar sem precisar de alguém - mas aceitar que o "alguém" apareça. Sentir o coração leve, novo. Tudo belo assim.

Se o amor quiser bater à porta, venha. E que venha feito a leveza que me invade agora: de repente, num sorriso, num olhar, em qualquer coisa que não se espere. Penso que não esperar é a melhor forma de se surpreender - aceitar o que pode ser e sorrir diante o que vier. Não esperar - não desesperar.

A partir de hoje surge em mim um pedaço exatamente assim: muito branco, doce, receptivo a qualquer e toda vibração positiva que estiver sujeita a entrar. Peço, então, que sejamos capazes de dar continuidade a esse pedacinho até que ele se comporte não como parte de nós, mas que comportemos nós como parte dele. Todos.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dá de lá bandeira qualquer


Uma vontade súbita de despejar sob essas linhas o desejo de você. Corro para que não se perca. E se já estivermos perdidos? Será que é tempo? Sempre é tempo, penso.
Insisto em decifrar o que há dentro disso aí. "Disso aí" mesmo. Dá medo de dizer sentimento, coração, qualquer coisa assim. O que é que tem de tão intangível? É de vidro? Quebra? Me diz, mulher. Tá certo. É claro. Quer dizer que tem sempre a exceção, o alguém. Sempre tem. Faz assim: vai - não me deixe saber que foi. Se apresse, viu? Talvez eu já saiba e acho que assim tudo se perde - a vontade, os desejos. Inevitavelmente se dispersam ao ponto de não estabelecerem entre si qualquer relação fria que seja - isso é pavoroso, baby.

Então se por algum acaso bem remoto - assim, desses bem distantes - algum vento soprar a nosso favor, aceite, coração. E quem sabe, não é? Quem sabe sabe um dia. Qualquer hora dessas, sem pressa. Não precisa correr. Talvez nossas pernas se percam e se confundam novamente em meio tanto amor-fogo-paixão-vontades-desejos-loucuras-segredos-juras; E até o sol volte, amor, vá saber. Talvez mais uma vez ele nos assista amanhecendo - e esta será só mais uma vez de tantas que passaram e outras que estarão por vir. Eu acredito. Acreditemos. Quem sabe mais que ventos: marés. E talvez até mais que marés: nuvens. Estrelas também, meu bem, por quê não? Mas vem cá, vou te dizer: não deixe esse vento virar furacão nem a maré pensar em ser tsunami. Não é difícil não, acho. Basta que as arestas sejam aparadas vezenquando - qualquer coisa como uma palavra bonita, um olhar meio ainda-tenho-esperança-em-nós, uma saudade repentina se não for pedir muito.

Quanto às estrelas? Não sei o que pode ser ruim. Bom, não é? Que bom, sim.
Só me resta pedir que brilhem por nós, então.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pela Noite


" Você sabe que de alguma maneira a coisa esteve ali, bem próxima. Que você podia tê-la tocado. Você podia tê-la apanhado. No ar, que nem uma fruta. Aí volta o soco. E sem entender, você então pára e pergunta alguma coisa assim: mas de quem foi o erro?(...)
Sei, sei. Você vai perguntar: mas house um erro? Bem, não sei se a palavra exata é essa, erro. Mas estava ali, tão completamente ali, você me entende? No segundo seguinte, você ia tocá-la, você ia tê-la. Era tão. Tão imediata. Tão agora. Tão já. E não era. Meu Deus, não era. Foi você que errou? Foi você que não soube fazer o movimento correto?(...) É preciso aprender a se movimentar dentro do silêncio e do tempo. Cada movimento em direção a ele é tão absolutamente lento que o tempo fica meio abolido. Não há tempo. Um bicho arisco vive dentro de uma espécie de eternidade. Duma ilusão de eternidade. Para não assutá-lo, para tê-lo dentro dos seus dedos quando eles finalmente se fecharem, você também precisa estar dentro dessa ilusão do eterno(...)
O erro? Eu dizia, pois é, o erro. Eu penso, se o erro não foi de dentro, mas de fora? Se o erro não foi seu, mas da coisa? Se foi ela quem não soube estar pronta? Que não captou, que não conseguiu captar essa hora exata, perfeita, de estar pronta(...) embora pareça errada ao não te deixar apanhar o prometido, no entanto está absolutamente certa. Porque é assim que é. Naturalmente. As coisas sempre prestes a serem apanhadas. E você eternamente prestes a apanhá-las. Como uma sina. Sempre prestes."

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Conversa de botas batidas


Desconheço o momento em que alguém terá (capac)idade o suficiente de compreender-se por completo. Existe sempre uma curva, penso. O entendimento - aceitação, sei lá, chame como quiser - se dá por satisfeito se houver um outro alguém. Sabe? Qualquer coisa como um outro-individuo-para-complementar-sua-individualidade. Sim? Aquela história de emprestar o coração e não estipular data de devolução - ou melhor, sequer pensar em devolvê-lo.
Queiram, insistam, briguem, gritem e esperneiem. Não dá: ninguém se faz sozinho. E comigo, baby, não seria diferente.