quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Para a minha, para sempre minha:




Éramos quase sangue do mesmo sangue - não fosse pelo detalhe do sangue materno que nos implica esse quase.

Nossa ligação fora sempre muito intensa e perceptível. Não era preciso que falassem para que fosse verdade, sentíamos. Sentimos. Percebi desde o dia que golfou na minha boca - é, você fez isso - e eu não senti nada do que qualquer outro sentiria, nojo ou coisa assim. Mais tarde os abraços quando você sequer se firmava em duas pernas e não sabia que abraçar ia muito além de envolver o outro com os braços. Depois os beijinhos quando mal sabias que tinha esse nome e achava divertido estalar os seus lábios nos meus. Tradicionalmente, é claro, o "escondeu, achou" na cama do papai e você balbuciava "divolvo" querendo dizer "de novo" apertando os olhinhos e achando aquilo a melhor coisa do mundo. Os dias enfim se tornando meses e devorando como um faminto essa palavra que todos deveriam preservar, inocência. Você ainda tem a sua, thanks god - já não como antes. E pelo lado positivo - acho sempre válido ressaltar que qualquer coisa tem assim seu lado bonito - a perda de parte dela faz com que você me abrace sabendo quanto afeto isso envolve.

Na sua quinta primavera - e décima sétima minha - a sua formatura. Me emocionei nesse dia como nunca havia feito, tentei conter as lágrimas mas elas escapoliram quando você me olhou e sorriu - um sorriso tão cheio de amor. Oh, sweetheart, estavas mais linda que nunca. E quando você se levantou pra falar? Aos funcionários, nosso agradecimento e gratidão... deus, mal pude acreditar que era de fato quase sangue do meu sangue.

Talvez eu lhe mostre isso quando você souber mais do que só escrever o seu nome e entender o real significado de todas essas letrinhas juntas que pra você hoje não fazem o menor sentido. Talvez, pode ser que não - até lá as gerações podem ter endurecido - ou empobrecido - mais que o normal e você me ache piegas demais. O real intuito pelo qual lhe escrevo não sei, mas aproveito e te desejo Feliz Natal. Abro uma brecha para prometer também que te levarei ainda a lugares lindos e farei o possível para que você se apaixone pelas palavras.

Que você tenha ao seu alcance toda a felicidade - seja o tão desejado carrossel da barbie ou a amiguinha para brincar aos domingos. A propósito, não sei se te contarei, mas você conheceu um dos meus amores "da adolescência" - digo assim porque creio que já serei mais do que só adolescente quando isso acontecer. Mas verdade, ela - e espero que não estranhe o gênero - até te deu comida e você parecia estar gostando. Sua mãe não se simpatizou. E mais tarde fui saber que, embora eu realmente deteste admitir, ela tinha razão. Só te vejo aos domingos, depois saberás porquê - adianto-lhe desde já que as minhas segundas terças quartas quintas sextas e sábados carregam sempre uma saudadezinha do seu riso.

Termino aqui, acho. Desejando ao seu sexto ano de vida ainda mais amor entre nós - isto é, se couber. Tem ainda mais um punhado de coisas a serem ditas, eu sei, prometo qualquer dia lhe colocar a par delas. Deixo aqui as minhas palavras repletas de uma admiração incomparável e enche meus olhos de brilho - sinta-se honrada - com uma porção de beijos e abraços bem apertados nesse seu corpinho pequenino e lindo. E, claro, que possamos sempre fortalecer esse laço já tão forte - irmandade, literalmente.


Com muito carinho. Da sua, para sempre tua,
Irmã.

Da minha mesa bagunçada com alguns livros e um cinzeiro cheio de pontas - algumas de cigarro e outras de solidão.
23/12/10

Um comentário:

bê disse...

A foto tá perfeita e o texto mais ainda, sério, muuuuuuuuuuito lindo. Parabéns mon amour, eu amo seu estilo de escrever. Mexe com a gente, sabe?