segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

My pendant



Não entrei em detalhes porque você não permitiu - como sempre, é esse seu bloqueio de aço encouraçando o silêncio, eu não consigo entender.

Sintetizando: Ade, uma menina-mulher fracassada no seu último relacionamento - heterossexual. Gia, não sei se menina ou mulher, chorando com Ade as dores do relacionamento passado - homossexual. Se aproximaram de uma maneira repentinamente intensa e chamaram de amizade o laço que surgiu. Gia acabou confessando sua paixão por Ade num impulso - que, assustada, a evitou por algum tempo até que preferiram fingir que nada havia acontecido e retomaram a amizade. Amigas. Only friends, dear. Mentira. Ade percebeu que podia sentir mais, confessou às amigas: (...)E agora... eu não sei. Quero dizer, nós temos uma grande ligação. Eu comecei a pensar sobre isso, sobre ela. Noite passada nós estávamos assistindo a um filme romântico e eu meio que parei de assistir o filme e comecei a observá-la. E eu não sei por que(...)Ela me faz sentir feliz, muito mais do que só uma "amizade feliz". Mais tarde, confessou à própria Gia. E, bem, o que posso dizer? Foi lindo. Era como se o roteiro fosse a nossa história - nossa história, se me permite definir como tal. Se beijaram. Explodiram as emoções as quais você nunca se permitiu, me permitiu, nos permitiu concretizar. Gia, com os olhos brilhando e deixando sair por entre os dentes até se transformar num sorriso o máximo de paixão que pôde: Hm... Something you liked and wanna forget or something you liked and wanna do again? - Something I wanna do again. Mais um beijo. Mais vários beijos. Invejinha branca, como diria Caio. Vontade de reviver tudo isso com você.

Não queria que você lesse o que aqui te escrevo indiretamente. Talvez pense que eu esteja morrendo de amores ou coisas assim. Não é bem isso, é só um desabafo misturado a qualquer coisa que pareça uma tentativa frustrada de compreender o incompreensível - você e o que se passa aí dentro. Recuo. Medo de que o aí dentro não seja o mesmo do aqui de dentro. Aliás, eu sei bem que não é. Embora nem eu saiba o que existe aqui dentro de fato. Mas vou levando assim, tentando nocautear a certeza e transformá-la em sonho - possível de se realizar, por favor.

By the way, achei bonita a forma como Caio descreveu Clarice numa carta à Hilda Hist e por um breve momento estive certeza que te descreveria da mesma forma: "(...)Tem olhos hipnóticos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la(...) Mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa(...) Talvez eu esteja fantasiando, sei lá, mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto."

Você se identificaria se lesse e até passaria um marca-texto para ocasiões futuras. E sabe mais? Torcia para que você me permitisse escalar o quão possível fosse até alcançá-la nesta altura que julgas tão inalcançável. Eu poderia não dizer nada e apenas sorrire - porque conosco as palavras nunca se fizeram necessárias. Ou fosse um pouco além e lhe dissesse: Não te preocupas, menina. Não há barreiras nem nada assim. Não há passado algum. Fica que eu te cuido, morena, fica?

Olha, não leve tudo isso tão ao pé da letra. É só que ando tão "nós", dear. Ando tão plural ultimamente. Posso culpar o tempo chuvoso. Não me aflinjo. Logo o sol volta e me contento com o singular - que, cá entre nós, é de uma beleza imensa. Além disso, sou terrivelmente instável e entender as minhas reações é coisa que às vezes nem eu mesmo consigo. No mais, eu me sinto superfeliz quando encontro uma pessoa tão confusa quanto eu.

Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, deus dará. E ah, sim, tu sabes: eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo.

Um comentário:

Wéllika disse...

vai uma bananinha ai? hihi