sábado, 20 de agosto de 2011

Alusão à Caio F. - Carta ao Zézim


As palavras, Zézim, foram aonde que não saem? Ando precisando daquele dedo na garganta. É isso. Porque rimas forçadas e metáforas ensaiadas não valem de nada.

O tempo anda escasso, é verdade, mas seria estupidez culpá-lo, você não acha? As frases, quando querem, dão sempre um jeitinho de virar rascunho no consciente.

Essa coisa metalinguística de não conseguir rabiscar nada além da falta agonizante de escrever tá incômodo. Alimentar a alma? Eu juro que . Ou eu acho? Não sei, preciso me atentar. A cabeça anda cheia, confesso. Cheia inclusive de coisas maravilhosas - é claro que tem uma preocupação aqui ou uma chateação ali, mas nada que não sobrevivamos. Não é falta de amor - ando sentindo com força, meu amigo, o coração tá batendo com um sorriso d'uma orelha à outra. Assunto? Mas o papel não filtra isso, ele só reorganiza a brutalidade inicial das letras e enfeita os sentimentos.

Não é preciso pressa. Não vou ficar procurando motivos. É besteira. Me aliviei. Te escrevo porque sei que me entendes. Logo você que poetiza qualquer sorriso, Zézim.

Deixemos que o sublime faça morada em nós e a alma consiga logo vomitar todas as palavras incrustadas no cotidiano da memória. É sempre mais doce viver quando conseguimos apagar o cigarro no peito e dizer pra gente o que não gostamos de ouvir.

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