quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os ais e os hão de ser

Nós - humanos - e essa eterna mania horrível de empurrar o hoje feito um prato que não se quer mais - rápido, o mais rápido que puder.

Dorme, fuma mais um cigarro, sonha, inventa. Logo o sol bate na janela e escancara a dor, fica a ressaca. Ressaca de amar, ressaca de amor. É assim mesmo? Calma, baby. O amanhã já vem - vem? Sim, talvez venha. E embora doa a verdade, tudo permanecerá intacto até você perceber que não é só mais um dia esperando ser sucedido. Vai doer ainda do mesmo tanto, você não vê? É tudo consequência do ontem e o resto é imprevisível. Seu dia é hoje, coração, a hora é agora - faça o que tem de ser feito, dê o abraço que tem de ser dado, cumpra o beijo que fora prometido, solte as palavras que o coração silenciou. Olhe bem aqui no fundo dos meus olhos antes que transborde a esperança de te ver de novo e venha antes, bem antes que o tempo seque a vontade de dizer que sim, eu também morri de saudades de ti. Eu te quero mais uma vez.

Eu entendo sim, não te preocupas. Confesso que vezenquando-quase-sempre bate uma urgência no peito feito um aço cortante ameaçando destruir a carne morna. Pavoroso, baby.

Não sei mesmo se ele vem, o amanhã é ilusório - lembro-me precariamente do agora, quem dirá do que virá depois?

Peço, portanto, que alimentes qualquer coisa que soe a uma tentativa de viver. Uma tentativa de sobreviver.

Fantasio enquanto é isso. Fantasiemos.

Um comentário:

Bárbara Mendes disse...

Fantástico. Não tenho palavras para descrever a beleza desse texto, meu amor. Parabéns, muito bom.